Hoje
declino de ser corpo para ser alma
A morte
da noite, da vida ao dia.
Descerrar
da concretude, vista do abstrato,
No diáfano
ser o presente e passado. Futuro!
Pois tudo
se consuma em sê-lo, passageiro...
-A
sensação é de que nada fica, nem se eterniza.
Serei alma
e sorrirei com as flores, sobre o túmulo.
Serei pluma
e voarei com os pássaros no éter.
Primavera,
águas do rio, outono. A brisa.
Fábula,
aurora, estória, quimera, lenda.
Brotarei
com o sol, a espargir pelos ares,
A persistir
pelas turvas fendas...
Serei a
águia altaneira, estarei sobre os mares!
De
transparências vestido serei todas as coisas.
Abandonei
a lágrima, serei alegria!
Em
matizes multi cores. Morri noite, nasci em dia.
Num ocaso
no ocidente vim a ser oriente.
Serei rochas,
serei a terra, o pó, a grama,
O cipreste,
o carvalho, a doce melodia...
Vigor
do renovo, a novilha, a donzela que ama.
O moço
viçoso, a colheita, a perdiz!
O tudo
e o nada e todas as possibilidades
A
vista deslumbrante e a janela. O aprendiz.
Serei senso,
contrassenso, perfeição, anacronismo.
O
avanço e a engrenagem da roda.
Serei o
que não quero, e o querer impreciso,
Na previsão
do desconhecido. O giro!
Ser o além
de palavras e pensamentos.
Quantas
coisas nos permitiriam sermos se apenas alma!
Por que
insistimos tanto, tanto em ser corpo?
Dentre
tudo e tantas coisas serei odores silvestres
Livre das
torturas deprimentes e a loucura,
E ponte,
e rio, calor e frio, concha, caramanchão!
Cálice,
vinho, uva, videira. A pragana que teima...
Ser passo
e também caminhos. Pulsar e coração.
Sol,
musgo, esquecimento, lua cheia.
Ser o
feno seco e o fogo que o queima...
E o
misto de odores levados pelo vento.
Ser a
chama da labareda que se desfaz
Amor
sentido, candura e alento,
E volta
ser tudo que devia ser, ou não o devia.
Ser o
orvalho a cobrir as relvas,
A
chuva fria a regar e renovar a terra
Inundar
as planícies, Transbordar os cântaros.
Ser o
acerto de quem erra.
Ser alma
nos permite ser, tudo em todos.
Que fica
e permanece no devir... A vagar.
Sem fim
e sem começo. Ser universo!
Renascer
a todo instante e ser os vários “Eu”.
Na Constância
da inconstância de ser – Existir...
Sem
jamais sabermos nós quem o é.
O que foi, quem será.
2 comentários:
Para ser amada a gente é tudo é nada é qualquer coisa ,contanto que sejamos amadas!Perdemos a noção do certo e do errado . Linda poesia Yy
Para romancear eu diria algo assim: "Podes ser tudo! Vá! Desde que no retorno sejas somente meu!!
A paisagem seriam os jardim gregos, ela paralisada de ouvir as histórias e aventuras que ele viveu!!!
E a esperança ainda insiste em lhe bater à porta!! Fantásticas palavras que sempre me inspiram até nos mais funestos momentos de amargura e tristeza!!! Bj ....B...
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