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quarta-feira, 2 de março de 2016

Àquela Nuvem Que Passa.









Venturosa vida, venturosos planos idos
Todos eles vãos. Num suspiro, todos findos
Nem alegrias, sonhos, agruras ou agonias.
Para alguns, a morte é o fim do que padece
Para mim, de outra sorte, tudo fenece...
O luar tão lindo. O mar.  O sol que aquece.

Mas dói mais, dor sem termo, intensa. Conjecturar;
Que por mais que se ame, e se entregue,
Por mais que doemos, se lute, e se vença...
D’um minuto pro’utro não move um músculo
N’alguma hora, derradeira hora, vã, alguém o vele...
Num pungente, sarcástico e triste crepúsculo.

Há aqueles bem vivos que dizem, “dormiu”...
Outros; “quem morre descansa”... Ora, ora!
Viva eu sempre cansado, na pujança de novo dia.
Pois se a esperança é a última quem morre
Minha esperança é estar distante desta hora,
E que ninguém venha amenizar-me os ânimos.

Concluindo a frase: "que o diabo lhe carregue"...
Soa o dito ao fundo das cogitações ocultas
Que esta se amolde ao “outro” sempre
Viva eu cá mesmo que macambúzio e doente
__Arre! Como pesa o defunto. Alguém sentencia.

A brevidade tão enganosa soa-nos eternidade,
É uma sensação inexaurível de viver para sempre.
Mesmo cônscios de que morremos um dia
Aí se firmando fábulas, mitos e crendices,
Creditadas aos guetos e mais nobres fiordes
Porque antes de tudo somos carne, ossos e sangue.

O sábio diria entendem agora o que disse?
Sobre vaidades, correr atrás do vento e virtudes...
Que tudo passa: o apego, o materialismo... A verdade é...
Na juventude é onde mais se ilude!
Tu te vais, nós seguimos e assim “tola” a humanidade.
Um grande nada é o que somos... Perdura a ilusão.

Feitos de sol num céu azul suspenso, a vida,
Aérea, entre terra e céu, no fugaz arrebol.
Tal a visão do mais belo que no céu persiste
Em derradeiro instante, na noite negra, consumido.
Uma lágrima no lenço contida imitando a vida (interrompida).
Tua íris recolhendo os raios não mais existe.

Quando eu for entregue ao esquecimento
Ventos frígidos varreram folhas ao relento,
Rodopiando, enlevando-se ao firmamento
Em uivos, os cães latiram gélidos lamentos...
N’alguma laje, o nome cravado selará o tempo
Que apagar se á como se varre os pensamentos.




                                                                                   Lonely Day.
https://youtu.be/JEGZuXDFiUE.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Amor! Substantiva A Saudade.






Local recôndito que a metafísica não explica,
O coração parece ser o centro de tudo, o devir!
Ais! São muitos que me cabem ao peito
Desproporção,  que a cada suspirar, multiplica
A dor que sinto e nem sei como medir
Um não sei o que, de onde, e ter por quê!

Mas, coincidência ou não, tudo que penso é você.
Alguns diriam é saudade, eu, filosofando...
Suspeito que o Amar... Verbo no infinitivo
 Poderia apenas um sujeito simples ser
Pois quando o Amor substantiva o abstrato
Somente restam os tormentos da saudade,

Germe da derivação imprópria que dilacera,
Amor... Este mal que invade, é fraude,
Maligno engano a contaminar a alma:
Pelo tato, os olhos, pelos poros, pela mente.
Quem faz de mim este ser que vaga dormente
Entre fantasia, sonho, torpor e realidade,

Quem não distingue limbo e paraíso,
Céu e inferno, mentiras, verdades.
Somente sei, queria, constituísse os ensejos,
Você a ninfa, meu remédio, minha cura,
Da minha febre delirante o alívio dos desejos
Acender da luz de lua na minha noite escura...

Abraçar com braços de verão e brisa amena
E o suave toque das plumas dos seus beijos.
Dirão é loucura! _Alguém que esta e não esta
Sê vivo dentre os vivos, num mundo ausente...
É psicose de apaixonados, neurose terrena.
Todavia! Ninguém dará diagnose ao delírio

Da sua presença antecipada pelo olor dos lírios
Ou, o sabor cereja que me ficou daquele beijo,
E o poder de um pronome indefinido causar luto,
Quando a próclise se pospondo entre os mortais
Faz-me prenhe de anseios condenando a amar-te
E para sempre... Ad aeternum, sujeito oculto.


https://youtu.be/ruP672bL8eA

Alone In The Dark" Music by Vadim Kiselev



PS.:
Caríssimo leitor e convidado ao acessar o vídeo abaixo desabilitar o som ativo no alto da página no blog, ou acesse o link para ver e ouvir.

Obrigado.




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segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Alma Perdida.





Foram tantas as vezes que me vi frente ao espelho
A fitar meus olhos em busca dos seus sempre perdidos
N’alguma distancia, d’um lugar ermo e inalcançável,
A busca do portal envidraçado e o cristal frio da retina

Caminhante, um viajante sem corpo e sem alma,
Por entre as sombras me vou, incontáveis idas...
Neste mundo inconteste que a tua luz causou
Onde a ilusão aponta estar logo ali, você!

Sinto teu perfume de rosa, marulhar de ondas, tua voz
Na realidade, miragem enregelada da ausência. O algoz,
O vilipêndio da alma pelos sentimentos que torturam

No silêncio alquebrado pelas notas da crua elegia
Segue compassado pulsar o coração em nostalgia,
Cercear do tempo que temos e não o sabemos quanto



https://youtu.be/ptzDK2kHq7c

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domingo, 15 de novembro de 2015

Valsa do Tempo.








Sentes rubor à minha presença, erma,
São imãs que resistidos se atraem
E a mordaz lei da física assaz contraria
Mesmo fingindo indiferença pungente
Perdidos iguais na monotonia enferma
Iguais e sóis nos encontraremos, um dia.

Nossas almas, duas metades do querer,
No teatro senil da vida... Personagens
Seguem atônitas perdidas no tempo
A sina do Amor, da idolatria, do se ter,
Dois passageiros um mesmo destino
No coche lilás dos pensamentos!

Quisera eu e você, ao sonido da valsa,
Esta estranha valsa, a vida! Quimera...
D’Uma breve dança o prazer n’um momento
Enleados tais quais em nossos sonhos
Acendida a tosca esperança, oh querida!
Em reencontro nas brechas dos tempos...

Nunca morreram as juras, e sentimentos.
Mesmo frívolas em nossos corpos doentes
Ainda duram no lapso atual, fendidas...
Vindo a ser nosso bem, nosso mal desta lida,
Se vivas aflições fumegam, queimam...
No tempo é cinza latente, brasa viva.

Quantos túmulos ainda haverá de separar?
Na eternidade nossas almas sem descanso...
Quantas vezes do pó, de nos erguer havemos?
A retomar os passos, antes da partida,
Reeditar nossa história deste balé em branco
Repintando destinos no quadro negro da vida.





https://youtu.be/Ytxj3JFcQZE

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Poem Nonsense




As odes que lealdades exigem!
Versos pranteados que traem
Mentiras e confusas verdades
Flores de espinhos transigem

Em auréolas e botões... Auferem
Na opacidade dos dias sem sol
Na tristeza da noite sem estrelas
Migalhas dos sonhos que ferem

Dos próprios punhos as poesias
Irrompem da dor que consome
Abrasa o peito ardem às veias
Sequela do ópio e das euforias

Arremetendo a nostalgia atroz
Àquela vida sem cores e magia
Decadente escuridão da alegria
Quem abraça e zomba de nós

O poema exige leal a devoção
Impõe aos látegos o azorrague
Senhor da oração me invade,
Lábios mudos, fala o coração!

Olhos fundos quais vazados
Perco-me em pensamentos
Pois já não sou quem penso
Na enganação do tormento

Sou você em tuas viagens
Olhar perdido e horizonte
Saudade, canção, o vento!
Desvanecer nas miragens...



https://youtu.be/rJSz-THX724


sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Celeuma do Amor Sustenido.


L"Amour Mouille - 1891
William Adolphe bougarou.





Ansiei tudo e tanto nada dizer
Tão só o nada, um nada ser...
Não viver da cata das palavras
Para em frases fazer-me entender

Porque nada há, em ser entendido,
Nada a compreender ao que nos cega
Amor mal se explana no que é dito
O que se diz... Vento acirrado leva,

Este Amor assim é um amar maldito
Quando bendito... Nasceu para ser
E ele mesmo vulgar, inda é bonito.

Dor de Amor mudo é traduzido, sofrer...
Amar, amar, só amar por amor. Amar!
É não ter, tendo tudo e tanto por dizer.



https://youtu.be/GTz6eRxiDs0

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Sonhos D' uma Folha No Outono.



Minha é, nossa solidão,
Declinando em definhar
Se ao encontro do outro
Nossas almas é só vagar

Em Soturnos frios calabouços
Arrastamos nossas correntes
Sem domínio algum do senso
Amantes... Forjados loucos...

No ermo delírio há vislumbrar
Tua voz ecoa no silêncio...
Nos pensamentos a revoar
Ébrios sentimentos e ais

De nossos momentos velados
Urdidos, prenhe de incensos,
Dos ares sentidos outonais
Ramo! Folhas secas, flores.

Somos (as) folhas idas ao vento
Plasmada nos imos vetores
Esmaecendo pelos jardins
No musgo buscando alento

Coração pulsar de amores
Na placidez de cada noite
Rega-nos sereno sonhar...
Será! Um dia seremos flores!


https://youtu.be/-EQ6eHeBrhM


quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Mar Sem Fim.



Em mim algo tu enterneces
O inaudível cântico mudo
Ao meu entorno estremece

E tanto ardor num instante invade
Num sismo estrondando-me o peito
Que em chamas todo se arde

E das notas em alaúde
Por mais que de porto em porto
Eu me vá nestas distâncias
O senso valsa e se ilude

Naufragadas as esperanças
Nas profundas águas de um mar
Refeito de todas as lágrimas
Que o Amor fez-me chorar.


https://youtu.be/bGjIAbjuiM4

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Seasons Almas Cadentes.



Fosses tu! Só uma estrela cadente
A vagar, errante, miríades pelas eras...
Perdida no espaço inconsequente
Miragens donde se extraem quimeras

Das mãos de Afrodite gotejante
Adornada Ísis em chamas magistrais
Acendendo em Eros a seta flamejante
Ardida no vácuo do destino e os anais

A manhã despertaria em novo dia
Ao transpor os umbrais as almas
Os equinócios, em um, converteria...
As estações em serenada calma.

Fosse apenas uma estrela perdida
Sem sua estirpe, órbita e destino,
Por certo sua luz inda que derradeira
Luziria a conjunção de nossa vida

E este jazigo nos tornaria um somente
Ao fenderes tu minha taciturna atmosfera
Penetraria fundo e abissal minha terra
E o Amor acolheria ao seio esta semente.

Dos casulos alvos em ingênua formosura
Dentre açucenas, lírios, crisântemos e jasmins!
Irromperiam borboletas fúlgidas, asas de ternura...
Voejando, multicores, o recital infinito dos jardins.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Ítaca Nunca Mais.







Escutar-te o melodioso canto
É padecer, é sofrer de encanto,
Nos acordes magos da tua voz
Ser navegante no mar sem volta

O coração segue-a, tudo renega,
Na abdução, nos sonhos... Navega!
Sedas o corpo, o siso, entorpeces...
Delira o destino e cego se entrega.

Perdido, Odisseu ainda estaria...
A Odisseia não teria um fim,
Não eras tu quem o seduzias

Ao ouvir-te a ária de magias
Quiçá! O bravo, jamais voltaria.
Eu! Moribundo... Pobre de mim!