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domingo, 24 de maio de 2015

Divina Alucinação de Quem Ama.






Sou bem mais que uma sombra na noite,
O rosto na multidão, dos afagues, anseio...
A solidão, a amargura do ser e os desejos.
Busca de carinhos em fuga aos açoites,

Sou o ardor, escravo em trajes e palavra nua,
Visão a vagar no vai e vem trôpego das ruas
Se me doas ou se me vendes... Assim é o prazer
Nem sempre troca, nem sempre é doação.

Não importa compreensão do que és e possa ser
Pelo o que sentes e não tem nome e nos consome.
O que posso ser para você, você para mim...
E na interação, um nada, o tudo que somos!

Seremos vulcões ou lagos de calma translúcida
Seremos tempestade e bonança... Jardins em flor!
Tu serás fogo. Serei brasa. Juntos, o clarão da noite,
Ardendo a incendiar-nos os flancos e arrepiar a pele.

Mas não tendo nome, interpretai como quiseres.
E o sentido de tudo vai estar no gozo, na fruição,
Nos espasmos, no intumescimento, contrações.
A alma encoberta de carne, a derme de suores.

Cor, cabelos, sentimento, liquens e húmus...
Raízes que se entrelaçam mãos que se dão
Corpos, que atam, desatam sem medida ou compostura
Despindo-se no olhar do outro, com ímpeto e ternura.

Seremos apenas sorrisos imprecisos a fluir por aí!
Seremos mais que um rosto na noite escura e fria
Mais que as confidências, sós, frente ao espelho.
Seremos o invisível e inaudível que julgamos além!

O alguém que lhe acarinha ternamente e não vês.
Quem, mantém sua boca lânguida e emudecida.
Este, que na explosão do prazer lhe sufoca o grito,
E lhe encharca sem medida do fruto da paixão

Na ponta delicada de seus dedos a fugir sem ter caminho
A todos os extremos de seu corpo trêmulo
Incendiado da volúpia e carinhos...
Quando não sabes se gritas ou soluça apenas,

Se os prazeres lhe veem na sedução das mãos...
Sou quem substitui o sussurro por gemidos
Nos estertores que trás a madrugada vazia
Quem agora a faz adormecer no ninho de almofadas,

Nas essências patchouli, verbena, nas rubras sedas...
O sabor de licor e cereja. A tua boca autofágica
O hálito quente, o beijo sôfrego infinito.
A língua quente a passear na minha...

Tudo isto me trouxe a humana e tênue sensação
No meu jeito esparso e alienígena de ser
Uma vez estando unido a você ser um só...
Indivisível, quem vive um amor anômalo,

Vencendo feroz e incansável lúgubre distancia
A tornar viável o paralelismo de nossos mundos.
Confidenciando a Hesíodo nosso segredo
Guardião incólume do portal das fadas.

Faremos do jardim de Ísis nossa morada
Alvorecer e crepúsculo testemunhas da entrega mútua
No esplendor da luz e quietude do teu silencio
Lá! Serei eu o teu Amor, tu serás minha Amada.

4 comentários:

Marina Seischi disse...

AO LER ESSA POESIA CONFIRMEI AOS QUE TEM DÚVIDA :A PAIXÃO ,ESSE AMOR INTENSO ,EXISTE SIM ,NA ALMA DE CADA UM DE NÓS . NÃO SABEMOS EXPRIMIR EM PALAVRAS E ATOS .

ania disse...

De uma intensidade que arrepia a pele e emociona a alma...Parabéns por versos tão lindos...sempre me encanto te lendo! abraço, ania..

Liplatus disse...

Kiihkeää soljuvaa kerrontaa, tunteiden poltetta.

Kiitos kun laitoit kääntäjän, nyt runo aukeaa.
Käännettynä runon muoto ei ole sama kuin kielelläsi, mutta hyvä näin.

Halaus

Anônimo disse...

O início no singular... se transformando no plural e a explosão que une... Tudo em um sentimento único... ímpar... A conclusão certeira das etapas que se são vencidas... uma a uma... As dimensões e distâncias não importando mais coisa alguma... Confidências ocultas entendidas por poucos... por apenas dois... A valsa perfeita... A verdade é que Ísis entrega todo seu jardim para presentear esse amor que transcende as barreiras do tempo e se eternizam nos ecos das bençãos derramadas pelos Deuses.... B...