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domingo, 23 de novembro de 2014

Verbo Reticente.













Cobiço as palavras não ditas
Contrastá-las nas brancuras,
Mesmo que no afã de buscá-las
Seduza a vida as vis clausuras,

Manifestas minhas desditas.

Bendizê-las bem, as poderia,
Antídoto,  às sanhas malditas!
Por quê? Derramar aos outros
Inconvenientes agruras do dia.

Debruçado em aforismos loucos...

Traço mais uma linha de dor...
A cada pincelada uma lágrima,
Ao invés de cunhar de espinhos
Esboço em vocábulos rara flor!

E em toda a tela concluída,

A tua face é que contemplo
Em todo vão e esparso momento
Nas galerias de meu pensamento.
Quisera, soubesses que recordar-te,

Aparta-me da luz, enegrece minha alma,

Caiada de sonho, amorfa sem brilho!
Quedada esculpida em mal traçadas linhas.
Pior que não encontrar as palavras...
É não poder ressuscitar o Amor do verbo

É dó maior o poeta voar sem rumo e sem asas!

Reverberar estrelas, a lua, em fulgor terno
Furtando ao senso, as razões o ermo idílio,
A Dantesca paixão desmedida desse inferno
O voo de uma tão só e muda andorinha.

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