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segunda-feira, 20 de outubro de 2014

O Grito...













Negra tela, vórtices, borrão.
Contornos d’uma alma escura,
Ensaios... Pesar – laranja! Desventura...
Ufano zunido do espírito. Carpir!

Labirintos do coração...
Locução desconexa, sentir,
Registros, cerne do artista,
Sujados pincéis... Emoção

Um sonho, fuga, sedução!
Rabiscos toscos na lousa,
Dores do mundo... Catarse febril.

 Morbidez senil! Do que acredito
Poderia ser qualquer imo... Desvario!
Mas, é somente – O Grito.


Reeditado de 16/10/2007.


Nota fragmentada do autor.


O famoso quadro O Grito, do norueguês Edvard Munch, é considerada uma das mais importantes obras da modernidade. A obra foi pintada em pastel e apresenta uma pessoa com um ar desesperado, com as mãos agarradas ao rosto, enquanto atravessa uma ponte. Ao fundo, vêem-se duas figuras caminhando, um barco e um horizonte formado por cores garridas.

O Grito é considerado uma das imagens de maior reconhecimento instantâneo do mundo, perdendo apenas para Mona Lisa, de Leonardo Da Vinci.

Munch nasceu em 1863 e pintou ao longo de décadas quatro versões de O Grito. Esta é a única que ainda se encontra nas mãos de colecionadores privados, enquanto as outras três estão expostas em museus na Noruega.


A fonte de inspiração d’O Grito vem da vida pessoal do próprio artista, criado por um pai controlador, que assistiu ainda criança à morte da mãe e de uma irmã. Decidido a se dedicar à pintura, Munch cortou relações com o pai e integrou a cena artística de Oslo. A escolha não lhe trouxe a paz desejada, bem pelo contrário. Munch acabou por se envolver com uma mulher casada que só lhe trouxe mágoa e desespero e, no início da década de 1890, Laura, sua irmã favorita, foi diagnosticada com transtorno bipolar e internada.

No diário do pintor é possível ler o que o levou a pintar o quadro:

 “Passeava com dois amigos ao pôr-do-sol – o céu ficou de súbito vermelho-sangue – eu parei, exausto, e inclinei-me sobre a mureta– havia sangue e línguas de fogo sobre o azul escuro do fjord e sobre a cidade – os meus amigos continuaram, mas eu fiquei ali a tremer de ansiedade – e senti o grito infinito da Natureza”.



Extraída da Redação Black Card Lifestyle






Um comentário:

Anna Lúcia Gadelha disse...

Um grito que cala a nossa alma!! Poesia e quadro numa harmonia perfeita!! Um soneto brilhante, amigo!!!
Parabéns pelo talento inquestionável!!
Beijos