A cidade brotando da terra plantada por cada um substitui o verde em
concreto que avançando fere o azul e nessa hora fauna e flora agonizam. A
redoma em que se encerra são mármores, granitos, asfalto, ferro e aço. Carros,
metro, aviões, trens, plásticos e vidraças. Têm a boca seca, olhos que ardem,
cânceres a lhes carcomerem até os ossos. Ainda assim, bendizem a maldição
fluidificada e frutificada das suas mãos moldadas em poluição, desertos,
geleiras julgadas eternas a se desfazerem, pestes, ozônio escasso, e a revolta
da natureza.
São pessoas, ora alteradas que se detêm em breves abraços, apertos de mão, olhadelas. Em vãs fainas, mórbidas. Vão e vem...
Seguem, aturdidas tão cegas Parecem não ter coração, somente uma bomba de sangue, músculos e canais insensíveis a irrigarem membros convulsos. Descalças, calçadas, engravatadas, desbotadas, doentes, esfomeadas, orgulhosas, maltratadas, endividadas, vingativas - Desesperadas, transformadas, descrentes, abortivas, dopadas. Notívagas...
Escravas da aparência e do status. Atentas aos jornais, às noticias: aos Tsunamis, terremotos, às vitimas de mais um tufão, A guerra que não acabou descobertas da ciência, atentados no oriente, Presidente deposto, genocídios, crise no golfo. Moda ditando novas tendências, Cotações da bolsa e o dólar. Fatos urbanos e internacionais...
Ah! Quanta globalização!
Ah! Quanta destruição!
Mídia! Quem de ti ficará oculta? Nessas auroras concorrentes na babel renascida e pungente, onde todos falam a mesma língua, mas sequer se entendem. Na qual o computador aproximou povos e distanciou as mentes, em que a droga abundou mais que o trigo sufocando a boa semente. Declarando que por fim, a materialidade dominou o espírito e esta vencendo, não através da tortura, mas do prazer, explícito e fácil.
A humanidade diante das facilidades, desumanizada; nem vê a vida passando, não sente que o amor esfriou. Que Pitágoras, Sócrates, Buda, Bravatskay, Maomé, Hermes Trimegistrus, Osíris, Moisés, Salomão, Jesus, Gandhi, Madre Tereza de Calcutá e tantos... passaram deixando suas mensagens e ações em energias difusas semeadas, usando uma mesma semente, sem tratados ou fórmulas complexas.
Também não vê que o mar transborda de vidas, que nos campos e florestas, o verde canta na voz dos pássaros já tão raros, que nos jardins, as flores sorriem que as cores abundam e divergem, os lepidópteros voam livre, que nos rios as águas são translúcidas. E lá os vaga-lumes, festejam a noite em rituais de louvor.
Cá, na metrópole que vai expandindo, encapsulados e bizarros pirilampos em meio aos chips e botões acendem-se outdoors, faróis e lâmpadas, shows diuturnos de luzes e lanternas, declarando o fim de mais um dia. Termo de uma criatura _ O ser humano; que não para de destruir sendo o seu próprio algoz.
Nesse mundo de astúcias somos Homens e mulheres unidos em longa corrente; cujos elos são terríveis pregos de obscenas liberdades.
Dissecados, perscrutados, autopsiados.
Vejo ainda o mesmo coração em série no peito de cada um, mas o amor, um
amor tão diferente do verdadeiro amor. Uns vêm, outros vão, em seus casulos de
metal. Transformam-se dormentes! Comboiando, automáticos, digitais, androides,
atípicos e dementes...
PS.:
“Se eu amo o meu semelhante? Sim. Mas onde encontrar o meu semelhante?” _Mário Quintana.
“Se eu amo o meu semelhante? Sim. Mas onde encontrar o meu semelhante?” _Mário Quintana.
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